sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aos santarrões de plantão!




Por Hermes C. Fernandes

Já no começo Ele mostrou a que veio. Escolheu nascer numa família humilde e em circunstâncias que poderiam ser, no mínimo, consideradas suspeitas. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito.
Poderia ter nascido num palácio, mas preferiu nascer entre os animais, acolhido numa manjedoura em vez de num berço de ouro. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Ainda bebê, recebeu presentes de magos estrangeiros que não professavam a religião dos Seus pais (“magos” é um eufemismo para “bruxos”). Por que hoje Ele discriminaria quem O quisesse louvar, ainda que não pertencesse ao Seu povo? Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Já adulto, foi inusitadamente banhado pelo perfume de uma dama da noite, adquirido no exercício de sua atividade. Jamais Se incomodou por ser flagrado andando publicamente na companhia delas e de outros de moral duvidosa. Será que hoje Ele ficou mais seletivo? Definitivamente, Jesus não combina com preconceito.
Nunca usou termos pejorativos para tratar leprosos, mendigos, excluídos, eunucos. Por que alguns dos Seus seguidores insistem em usá-los. Não consigo imaginá-lo chamando alguém de “gay aidético”, ou de "leproso imundo". Ele sempre foi um gentleman. Tratava com dignidade a qualquer ser humano. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Ele foi capaz de elogiar publicamente a manifestação da fé de um oficial do exército do império que ocupava Sua terra. Mesmo sabendo que aquele homem provavelmente era devoto de muitos deuses, Ele não recriminou, mas admirou sua devoção ao criado enfermo. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Ele escandalizou Seus conterrâneos, ao usar uma figura por eles desprezada para ser o principal personagem de algumas de Suas parábolas. Para Ele, mesmo um samaritano era capaz de surpreender o mundo com atitudes dignas e motivadas por amor. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Ao escolher Seus discípulos, não os censurou por suas ideologias. De fato, entre eles havia publicanos, zelotes e até fariseus, abrangendo todo o espectro ideológico da época. Por que alguns dos Seus seguidores apaixonam-se de tal maneira por certas ideologias, que acabam demonizando os que pensam diferente? Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Ao ressuscitar, Ele quebrou todos os protocolos ao aparecer antes às mulheres e enviá-las como portadoras da boa nova aos demais discípulos. Por incrível que pareça, ainda há quem se diga discípulo d'Ele e que pensa que a mulher não deve ter oportunidade no ministério. Parece que Jesus vivia bem à frente do Seu tempo e por isso, jamais combinou com preconceito.
Paulo, um dos Seus mais proeminentes discípulos, fez eco ao que aprendeu do seu mestre. Tanto que foi capaz de citar poetas seculares em seu discurso, revelando estar desprovido de qualquer espírito discriminatório. Haveria algum erro em citar poetas seculares atuais? Será que isso nos desqualificaria como pregadores? Definitivamente, Jesus não combina com preconceito. 
Jesus só demonstrou intolerância para com os intolerantes, aqueles que se achavam tão santos, que ao subirem ao templo para orar, ousavam declarar não serem tão pecadores como os outros. Estes não foram poupados de Suas duras e severas críticas. Com a mesma severidade com que julgaram, foram julgados. Para estes, Jesus tinha adjetivos muito especiais, tais como hipócritas, “raças de víboras” e “geração adúltera” (equivalente mais polido de um xingamento muito usado em nossos dias). Definitivamente, Jesus não combina com preconceito, muito menos com intolerância. 
Aos xerifes da vida alheia, uma linda canção do "gay aidético" (foi assim que um deles se referiu ao Renato Russo). Vocês envergonham o Evangelho com esta postura preconceituosa extremista. Que Deus tenha misericórdia de suas almas (refiro-me tanto ao que escreve, quanto aos que compactuam com suas ideias, ao Severo e aos severistas). 
Larga de ser severo, amigo! Ou seja severo consigo, porém compassivo com os demais. Imagine se Jesus resolvesse implicar com o cumprimento dos seus cabelos! Lembre-se: somente os misericordiosos alcançarão misericórdia. Os severos alcançarão severidade.
 
Fonte: http://www.hermesfernandes.com/2012/11/aos-santarroes-de-plantao_22.html

http://www.webevangelista.com/2012/11/aos-santarroes-de-plantao.html

domingo, 18 de novembro de 2012

Brasileiro reclama do que mesmo?



Brasileiro é um “bicho” que muitas vezes me injuria com sua reclamação (que nem faz sentido) equivocada. Brasileiro gosta de #mimimi e acha que está abalando. Não quero e nem é a intenção generalizar, mas quem não fez algo da lista abaixo que atire a primeira pedra.

Tá reclamando do Lula? Do Serra? Da Dilma? Do Arrruda? Do Sarney? Do Collor? Do Renan? Do Palocci? Do Delubio? Da Roseanne Sarney? Dos políticos distritais de Brasília? Do Jucá? Do Kassab? Dos mais 300 picaretas do Congresso?  Brasileiro reclama de quê?

Brasileiro é assim: 
- Coloca nome em trabalho que não fez.

- Coloca nome de colega que faltou em lista de presença.

- Paga para alguém fazer seus trabalhos.

 - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

. - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.

. - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

. - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura.

. - Fala no celular enquanto dirige.

. - Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos ("me dá um toque que eu retorno...") - assim o amigo não gasta nada.

. - Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

. - Para em filas duplas, triplas, em frente às escolas.

. - Viola a lei do silêncio.

. - Dirige após consumir bebida alcoólica.

. - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

. - Espalha churrasqueira, mesas, etc. nas calçadas.

. - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho ou para dar alguma desculpa a alguém.

. - Faz "gato" de luz, de água e de tv a cabo.

. - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

. - Compra recibo para abater na declaração de renda para pagar menos imposto.

. - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.

. - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou R$ 10,00, pede nota fiscal de R$ 20,00.

. - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.
. - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

.. - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.

. - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são piratas.

. - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.

. - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.

. - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

. - Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

. - Leva das empresas onde trabalha pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis como se isso não fosse roubo.

. - Comercializa os vale-transporte e vale-refeição que recebe das empresas onde trabalha.
. - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado. 

. - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem. 

. - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.
E, acrescento mais:

 - Pede ao amigo que está em algum trabalho público, principalmente político, um lugarzinho para seus filhos em vez de estimulá-los a estudar e conseguir seus próprios empregos....

 - Não se importa (muitas vezes até ajuda) se seu filho faz parte daquele grupo que fraudou o concurso público e passou, em detrimento de outros candidatos que honestamente tentaram passar.... (olha aí: concurso na área jurídica)....

 - Vai até a escola e paga o maior esporro na professora ou professor que deu a bronca em seus filhinhos...

 - Faz vista grossa quando seu filhinho ainda pequeno chega da escola com pequenos objetos que não lhe pertencem ao invés de fazê-lo devolver no dia seguinte;

 - Não respeita e não cumpre as leis;

 - Adultera documentos para entrar em locais proibidos para menores, com a conivência dos pais;

E depois queremos reclamar com todos esses escândalos do mensalão, dinheiro na cueca, escândalo disso ou daquilo? AH! Por favor, me poupe.

A mudança primeiramente começa nas coisas pequenas. E infelizmente, o nosso país está assim por ser meramente o reflexo dessa sociedade que "rouba, engana, mente e etc" nas pequenas coisas.

"Se queremos exemplos, vamos ser exemplos"

Autor Desconhecido, adaptado por @FaysonMerege

http://www.webevangelista.com/2012/11/brasileiro-reclama-do-que-mesmo.html

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Vamos fazer uma igrejinha dessas pra nós?


Bem, na igrejinha se falavam vários idiomas, tinham todas as cores, etnias, idades e classes sociais… Era de fato uma bagunça !
Era uma igrejinha em que gays e lésbicas não tinham raiva dos crentes, pois os crentes não eram homofóbicos e sempre que estes sofriam algum tipo de agressão por terem uma orientação sexual diferente, os cristãos os defendiam por serem seres humanos.
Na igrejinha, os comunistas vinham para aprender como se luta pela igualdade, liberdade, fraternidade, cooperativismo e respeito mútuo, mesmo que isso, viesse a lhes custar a vida. Alguns comunistas se convertiam, outros não, mas na igrejinha, todos os comunistas crentes e comunistas não-crentes eram tratados iguais, afinal, foi pra aprender isso também que eles foram até a igrejinha.
As feministas foram lá, porque na igrejinha, não se usava a bíblia para justificar o machismo, aliás, pelo contrário, o texto base da fé dessa igrejinha, mostrava um Jesus que conversa com uma samaritana e com uma mulher que seria morta a pedradas por uns machistas da época, e apenas em algumas frases, desarmou completamente a estratégia deles. O texto também ia colocar as mulheres ao lado dos homens e não como inferiores, e ainda mais, orienta os maridos a amar suas mulheres a ponto de entregar sua vida sem pestanejar por elas.
Os intelectuais também frequentavam a igrejinha porque sempre que estavam lá, encontravam pessoas livres de preconceitos morais ou éticos, nem todos na igrejinha eram assim, tão inteligentes ou cultos, mas mesmo assim, mesmo os mais ignorantes e incultos sempre estavam disposto a ouvir e a aprender a perguntar, todos eram curiosos, todos queriam saber mais e mesmo sem concordar, estavam sempre disposto a conversar por horas e humildemente, sem se achar dono da verdade absoluta do mundo e sem ter um discurso arrogante ou sem amor.
Todos os membros viviam de maneira colaborativa, onde os ombros se encontravam, ninguém era maior que ninguém, e ao mesmo tempo, ninguém era igual a ninguém. É difícil explicar, mas eram iguais e diferentes, cada um com seu talento, cada um com sua falha… Não tinha opressores, tinha pastores… Não tinha donos da verdade, tinha mestres… Não tinha pregadores arrogantes, tinha evangelistas… Não tinha um discurso politicamente correto, tinha profetas… Não tinha um proprietário, tinha apóstolos. Todos eram iguais e diferentes.
Então, eu vi minha mãe dizendo que eu tinha que levantar, era hora de ir pra escola e eu acordei e realmente era hora de ir para a escola. A professora Claudete, da 1ª serie já deveria estar me esperando. Durante o café apressado, minha mãe catando tudo que teria que levar para o serviço, contei o sonho pra ela, quando ela parou com a agitação e me disse:
- Foi apenas um sonho, acho que essa igreja não existe
Eu só consegui pensar em uma coisa:
 Vamos fazer uma igrejinha dessas pra nós?


Read more: http://crentassos.com.br/blog/2012/11/vamos-fazer-uma-igrejinha-dessas-pra-nos.html#ixzz2C3UmAfVQ

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Evangelho dos paradoxos...


Posted: 01 Nov 2012 08:50 PM PDT




Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Gálatas 1:8

Caros irmãos em Cristo Jesus, esse texto nos esclarece e muito o que vem a ser o Evangelho de Cristo, o Evangelho já está estabelecido através da Palavra, a Palavra de Deus, contida na Bíblia Sagrada com a sua inerrância é o norte da igreja, quando falo em igreja, não falo de templo mas sim de nós, que somos templo do Espírito Santo.

Paulo deixa claro que ainda que viesse um anjo do céu apresentando ou anunciando outro evangelho que seja anátema, ou seja amaldiçoado e infelizmente é espantoso como nós, a noiva do Cordeiro Santo, estamos nos desviando da verdade contida nas Sagradas Escrituras por experiências que vivemos.

Paulo diz através desse texto que ainda que fossemos apresentado a outro evangelho, que ainda que nossas experiências nos levassem a tender pra uma outra forma de evangelho, nós devíamos nos apegar no Evangelho verdadeiro que nos foi apresentado, e Paulo tinha autoridade pra admoestar dessa forma e hoje baseando-me na Palavra da Verdade contida na Bíblia eu quero vos chamar a viver o Evangelho Genuíno, não um evangelho de vitórias materiais, prosperidade ou crer num deus-papai-noel que nos dá tudo aquilo que queremos, se assim fosse o mundo seria pior do que já é, se Deus realizasse cada desejo meu e seu, o mundo seria um reflexo do nosso egoísmo.


Mas Deus em grande sabedoria já nos deixou o Evangelho a ser seguido que é crer num carpinteiro que aparentemente padeceu numa cruz de madeira, mas que ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus e o sangue por Ele derramado na cruz do calvário te livrou do pecado e da justiça divina, esse sacrifício vicário fez com que a GRAÇA te alcançasse. Ou seja, crer no Evangelho é crer em paradoxos.

Primeiro-Paradoxo: Crer num Deus que foi carpinteiro e morreu numa cruz de madeira.

Segundo-Paradoxo: Crer num Deus que aparentemente morreu.

Terceiro-Paradoxo: Crer num Deus que vai te salvar, não por seus méritos, mas por intermédio dEle próprio, num sacrifício dEle próprio porque sendo Ele justo, ele é BOM e rico em misericórdia.

Quarto-Paradoxo: Crer num Deus, que sendo Rei dos Judeus, andou e compartilhou tudo com pobres e negou a nobreza que lhe era de direito.

Quinto-Paradoxo: Crer num Deus, que mesmo sendo Rei, a única coroa que aceitou de seu povo, sua plebe, foi a coroa de espinhos.

E como viver esse Evangelho? Paulo responde:

"Sede meus imitadores, como também eu de Cristo." 1 Corintios 11:1

Sem esperar aplausos de um povo que não aceitou nem o seu Deus e sem esperar trono de um povo que não colocou no trono nem o seu Rei, mas siga esse conselho:

E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.
Mateus 24:11-13

Por Raphael Lima

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Reformas não são para sempre



by Estrangeira
Hoje, dia 31 de outubro, comemoramos a Reforma Protestante, pois nesta data, em 1517, Martinho Lutero afixou as famosas 95 teses contra as heresias pregadas na época pela Igreja oficial.
Porém, o que temos hoje para comemorar?
  • Como nos tempos de Lutero, vemos igrejas vendendo seus rebanhos a políticos em troca de benesses pessoais;
  • Como nos tempos de Lutero, vemos igrejas comercializando o Sagrado em troca de promessas de vitórias nesta vida terrena;
  • Como nos tempos de Lutero, vemos igrejas ensinando o povo que o poder não provém de Deus, mas de seus líderes, dos rituais complexos e dos amuletos gospel que entregam a quem dá as ofertas com os valores exigidos;
  • Como nos tempos de Lutero, vemos igrejas preocupadas com a aparência de poder, sob a forma de templos suntuosos e vida de luxo a seus ministros, enquanto o rebanho passa fome, sede e frio;
  • Como nos tempos de Lutero, vemos igrejas onde se disputa quem é o maior, quando Jesus nos ensinou que deveríamos disputar o lugar de menor e de servo dos demais.
Uma casa, quando passa por uma reforma, fica linda por um tempo. Porém o tempo e a erosão depreciam o bem, causam desgaste nas estruturas, e caso nova reforma não ocorra, corre-se o risco da casa literalmente cair. Assim é com a Igreja, que atualmente apresenta grandes infiltrações de teologias heréticas que têm causado grande estrago. Faltam telhas, em muitas partes o reboco está aparente, há janelas sem vidros (por tantas pedras que foram lançadas) e portas que estão com as dobradiças tão enferrujadas que já não abrem mais, nem quando é o próprio Cristo que está a bater.
É hora de uma nova reforma. É hora de limparmos o terreno e trazer de novo os materiais que estão desgastados. É hora de voltarmos às essências bíblicas, ao estudo da Palavra, à oração, à consagração, à busca de santidade, ao amor incondicional. É hora.
Que a reforma que a Igreja precisa comece em cada tijolinho, agora. No tijolinho eu e no tijolinho você. E que, com a casa arrumada, Jesus possa novamente entrar e cear conosco.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

VÍTIMA DE UM DEUS CRUEL


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Um amigo, recentemente, questionou o porquê Deus não acabava logo com a maldade dos homens. Certamente, pedófilos, assaltantes, assassinos, genocidas e outras categorias de homens maus não existiriam. De onde vem essa maldade que vemos atualmente? Mães que jogam crianças no lixo ou perversos que tiram o olho de um cão ou gato por prazer estão, para Deus, estão no mesmo pacote de cristãos que, da boca para fora, o adoram, porém vivem uma vida de engano.
Atribuir à Deus a maldade no mundo, não é só um equívoco teológico. Está diretamente ligada à educação cristã que não possuímos. Somos maus, perversos e a única coisa que nos distancia, mesmo que por poucos centímetros de um pedófilo, é a CRUZ. Afinal, você e eu, por mais que quiséssemos não formamos um elite gospel/cristã/evangélica que nos faz melhor que um assassino.
Há um mal com o qual temos que conviver no mundo. O homem foi criado bom, mas se tornou mal. Adão, eu e você escolhemos isso.
Aqui é o ponto que esclareço o título deste artigo. Alguns cristãos tentam explicar a maldade (como a tragédia em Realengo) ou psicologizar a humanidade colocando a responsabilidade em Deus, e, por consequência, acabam se colocando no papel de vítimas deste Deus Cruel. Erram, porque sequer voltam à Bíblia para entender sua própria fé.
Ele nos amou enquanto ainda éramos pecadores, isso é o que diz a minha bíblia1. Entre me condenar, por causa do meu pecado, à uma vida horrorosa, Deus escolheu redimir esta criatura às custas do sofrimento de seu filho. Acho que você o conhece, certo?! Estranhou a pergunta? É isso mesmo, você realmente conhece ou reconhece o que Ele fez por você! A cruz não é um símbolo apenas. Lembre-se que foi nela, que Ele tornou possível o seu culto no domingo. Mais que isso, abriu a possibilidade de você sair de um estado de trevas e enxergar a Luz.
Ao invés de acabar com a maldade, Ele oferece a CRUZ. A CRUZ grita PERDÃO e REDENÇÃO ao invés de CULPA e MORTE!
Referências
1.João 3.16-18

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Deus não está na Igreja!


igreja
Calma, calma…antes que você me rotule como herege leia Atos 7.48,49.
Deus não está em templos, seja eles pequenos onde no máximo caibam 10 pessoas ou gigantescos e suntuosos para milhares. Deus não deve ser buscado e adorado somente em um dia da semana (Shabat) ou só nas atividades da Igreja (culto). Deus não se apresenta mais somente para um grupo exclusivo de pessoas (sacerdores).
Uma nova aliança foi estabelecida, um novo testamento foi escrito, onde Deus se apresenta para todos os povos através do sumo sacerdote dos bens futuros, Jesus Cristo (Hebreus 9).
Neste novo momento estabelecido pela morte de Jesus foi dado o livre acesso à Deus, o véu do templo se rasgou, todos os dias se tornaram ótimos para que adoremos ao Senhor (Romanos 14.5,6; Colossenses 2.16,17), fomos abençoados, feitos povo de Deus,  diretamente por Ele sem a necessidade que outro homem hoje fizesse isso por nós (1 Timóteo 2.5; 1Pedro 2.9,10). Jesus disse que, se crermos que Ele é o Filho de Deus e que veio ao mundo para nos salvar, nos deixaria o Espírito Santo para entrar em nossa vida e fazer morada. Portanto, estamos sob Sua Graça, e Sua Graça nos basta para a Glória de Deus! (1 Coríntios 10.31).
Cuidado! Se você estiver buscando a Deus na igreja XYZ ou ABC porque lá Deus faz isso ou aquilo, não é a Igreja que faz isso, é Deus! E ele é Deus em todos os lugares!
E onde Deus está?
Deus está em todo lugar (veja bem, não é todo lugar que é Deus – isso é panteísmo). Ele é um Deus pessoal, o criador de todas as coisas. Assim, Deus não está limitado a uma igreja e nem a um grupo de pessoas. Deus está em lugares onde talvez você nunca entraria. Nos mais escusos lugares, onde pessoas pensam estar distantes e escondidas de Deus, ali Deus está também. E nestes lugares Deus pode operar milagres e salvar pessoas.
Deus está agindo em favelas, embaixo dos viadutos, na cracolândia, na roda do baseado, em hospitais, em bares, e onde Ele quiser agir. Sejamos os portadores da palavra de Deus para leva-la a estes lugares.
Muitos querem trazer as pessoas para a Igreja como se lá fosse um lugar especial. A igreja se reúne em lugares. Porém os lugares não significam nada. O que dá significado é a reunião dos cristãos, seja onde for. Se existem pessoas que você conhece e que não desejam ir à Igreja, então que você seja a igreja indo até elas.
Publicado em 24 de outubro de 2012, por  - Publicado em Artigo

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Qual é o sentido da sua vida?


Qual é o sentido da sua vida? Para que você veio ao mundo? Qual é a razão de Deus ter idealizado, projetado, formado e soprado vida em você? Será que foi para nascer, crescer, ganhar dinheiro e morrer? Biblicamente nós fomos criados para a glória do Senhor. Mas como podemos fazer nossos poucos anos de caminhada nesta terra valer a pena de modo a realmente glorificá-lo? Se não pensarmos sobre isso e conseguirmos fazer acontecer, não só não teremos glorificado a Deus como teremos tido um existência inútil. Sim, há algo mais. E o tempo para pormos esse algo em prática é muito curto.
A civilização em que eu e você nascemos é regida pelo dinheiro. Somos adestrados desde a infância a acreditar que a meta de nossa vida é alcançar fama e fortuna. É por isso que pessoas que não fazem nada e dão péssimos exemplos são consideradas "vencedoras" desde que fiquem famosas e faturem um bom dinheiro. O exemplo mais emblemático disso é o Big Brother Brasil. Em geral, seus participantes são modelos horríveis de comportamento e valores e ganham um milhão de reais para ficar sentados numa casa sem fazer nada. Ainda são chamados pelo apresentador de "nossos heróis". A meu ver eles são o arquétipo de quem nossa sociedade quer que sejamos: famosos e milionários, não importa por que meios.
É para isso que Deus criou você? É para isso que você acorda a cada manhã? Para se empanturrar de comida, perder horas preciosas na frente da televisão ou da internet, trabalhar para ganhar mais e mais dinheiro e gastar seu tempo imaginando uma maneira de fazer seu nome famoso e sua conta bancária mais polpuda? Não, meu irmão, minha irmã. Uma vida sem entrega pelo próximo não é uma vida do ponto de vista bíblico. Não passa de sobrevida. É vegetar espiritualmente. Dar sentido à vida é parar de olhar para o próprio umbigo e fazer algo que sirva para ajudar seres humanos em suas dores, seus sofrimentos e suas angústias.  Veja o exemplo de Agnes Gonxha Bojaxhiu.
Se você não sabe quem é Agnes, deixe-me falar um pouco sobre ela. Nasceu no paupérrimo e pequenino país chamado Macedônia, de uma família de etnia albanesa, e se naturalizou indiana. A Índia, vale lembrar, é o país das castas e de milhões de pessoas miseráveis financeiramente. Agnes não tinha dinheiro, mas possuía  aquilo que de maior valor pode ter um ser humano: um coração bondoso e lágrimas nos olhos pelos seus semelhantes. Ela decidiu fazer valer sua existência. Fundou uma organização de mulheres dedicadas à caridade e investiu sua vida em cuidar dos outros. Sem se preocupar com o próprio bem-estar, imergiu no mundo da miséria humana com sua mão amiga e o coração magnânimo, a ponto de receber o apelido de...adivinha? "A grande heroína"? "Magnífica mulher de Deus"? "A maior entre as maiores"? Não, nada disso. Seu apelido era "Santa das sarjetas". Que tal?
O lema que resumia a missão da instituição que Agnes fundou era "Topa tudo por dinheiro", será? Não, na verdade não. Também não era "Acordar, faturar, dormir". Muito menos "Saciar a sede por poder, influência, dinheiro e fama, dando todo meu suor para projetar meu nome". Era, isso sim: “Saciar a infinita sede de Jesus sobre a cruz de amor e pelas almas, trabalhando para a salvação e para a santificação dos mais pobres entre os pobres”. Certamente não é uma declaração de missão que você encontraria num quadro pendurado no escritório de gente como Donald Trump ou Roberto Justus. Menos ainda no de muitos líderes de certas denominações neopentecostais.
Nos anos 50 e 60, Agnes ampliou o raio de ação de sua organização para toda a Índia. Em 1965 chegou à Venezuela. Depois alcançou a Europa (na periferia de Roma, na Itália) e, em 1968, passou a atuar também na África (na Tanzânia). Até 1980, a instituição de caridade criada pela iniciativa dessa única mulher pobre levava amor, cuidado, amparo médico e calor humano para todo o mundo, da Austrália ao Oriente Médio, passando pelas Américas e até países comunistas (como Alemanha Oriental e a antiga União Soviética), num total de 158 centros de auxílio. O passo seguinte foi abrir centros de ajuda para doentes pobres com AIDS .
No final dos anos 80 e início dos 90, Agnes começou a ter sérios problemas de saúde. Isso não a impediu de continuar viajando pelo mundo para abrir novas casas de missão e devotar-se aos pobres e às vítimas dos mais diversos tipos de calamidades. A frágil e pequena mulher inaugurou novas comunidades na África do Sul, na Albânia, em Cuba e no Iraque, país dilacerado por causa da guerra. Em 1997, a instituição que Agnes fundou contava com 4 mil voluntários, que devotavam-se ao próximo em cerca de 600 unidades espalhadas por 123 países do mundo. Naquele ano, Agnes morreu, aos 87 anos de idade, após cumprir uma viagem dedicada a ações humanitárias por três cidades da Europa e dos Estados Unidos.
O que você acha, a vida de Agnes valeu a pena? Não acumulou riquezas. Nunca se casou. Não teve filhos. A fama que obteve foi em função da notoriedade que suas iniciativas pelo bem-estar do próximo alcançou. Abriu mão dos prazeres e do conforto deste mundo para que cada um de seus dias sobre a terra valesse a pena. Seu legado hoje permanece entre nós, não na forma de arranha-céus, catedrais ou monumentos suntuosos, mas na forma de milhares de vidas humanas abençoadas por seu amor, sua devoção, sua entrega pelo próximo, sua abnegação e sua preocupação muito maior com os outros do que consigo mesma. Que mulher magnífica! Penso na vida de Agnes e naquilo que ela fez por todas essas almas e confesso que lágrimas rolam por meu rosto, ao ver quão desgraçadamente longe estou de ter um vida com tanto significado quanto a dela. Eu quero ser como ela quando crescer. Quero que meus dias façam sentido, um sentido que vá muito além de ganhar dinheiro, prêmios e bajulação, mas que ecoe no Céu e pela eternidade como dias que compuseram uma vida que valeu a pena.
Penso em todas as vezes em que fui vaidoso e preocupado com vantagens materiais e vejo que completo imbecil eu fui. Porque isso não vale nada. Não vale um minuto sequer sobre a terra. Olho fotos de certos pastores, que posam com a Bíblia na mão como se fosse um cetro dos antigos Césares, e vejo como a vaidade e a ambição humana nos distorcem e nos transformam em pedaços de carne dignos de pena. Não, não quero seguir pelo caminho da fama e da fortuna. Quero sustentar minha família com honradez, dando dignidade aos meus mas sem perder o foco do que realmente interessa e sem passar por cima ou defraudar meu semelhante para isso.
Se você me perguntar hoje qual é meu maior sonho no momento eu diria, sem nenhum desejo de parecer magnânimo, que é uma dia chegar a fazer pelo próximo 0,5% daquilo que Agnes Gonxha Bojaxhiu fez. Não sei ainda como, quando ou onde, mas minha oração ao Senhor é que me mostre. Que me encaminhe para isso da forma que achar melhor. E seja feita Sua vontade, na terra como no Céu. Também oro a Deus que toque muitos corações para que vejam o que realmente importa na pátria celestial - e não nesta decadente civilização consumista em que vivemos enquanto peregrinos nesta terra estranha.
Quando Agnes morreu, compareceram ao seu funeral chefes de nações, primeiros-ministros, rainhas e enviados especiais de dezenas de países de todo o mundo. Algo que ela certamente dispensaria, visto que passou a vida entre os miseráveis, os doentes, os sofredores e os pequeninos. Nem mesmo o Prêmio Nobel da Paz que recebeu mudou sua rotina de enfiar os pés nos lamaçais dos recônditos mais humildes e necessitados do planeta para abençoar vidas. Nada desviou aquela pequena gigante de seu propósito maior: glorificar Deus por meio dos mais sinceros e devotados gestos de amor pelo próximo. E você? Qual é o propósito maior da sua vida? E o que você tem feito para alcançá-lo? Se não tem feito nada além de tentar ganhar dinheiro ou projetar o seu nome, este é um bom momento para começar a parar de correr atrás de vento e dar início a algo que de fato dê sentido a sua vida.
Ah, sim: se você ainda não ligou o nome à pessoa, Agnes é mais conhecida como... Madre Teresa de Calcutá.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

domingo, 14 de outubro de 2012

Verdade


Ed René Kivitz
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
O poema de Carlos Drummond de Andrade é um convite à humildade e à comunhão. Comunhão não existe sem humildade. E sem as duas, não existe experiência da verdade. A verdade a gente não sabe. A verdade a gente vive quando ela se apropria da gente. A verdade não é coisa da razão, resultado da reflexão. A verdade é soma de corações e não de cabeças. A verdade é coisa fugidia, que não se deixa prender na gaiola dos raciocínios, não cai nas armadilhas dos pensamentos.
A verdade é isso, a gente experimenta, saboreia, se delicia, mas não fica com ela como quem tem posse, pois a verdade é maior do que nós. Em cada um de nós só cabe meia verdade. E a gente tenta fazer uma verdade inteira juntando as partes e ficando com elas, como quem rouba do outro a metade que está com ele, pra depois a gente ficar dono da verdade. Mas a verdade não participa desse jogo.
O jogo da verdade não é soma, é partilha. Não é brincadeira onde quem tem mais meias verdades ganha. É mais como uma dança aonde a beleza e o alumbramento vêm no par, ou até mesmo na roda, aonde as mãos e braços vão se encontrando e se despedindo, até que todo mundo na roda vive a verdade, e brinca com ela cada vez que os braços se entrelaçam e as mãos se acariciam. No fim da noite, quando cada um vai para casa descansar, a verdade também se recolhe, para que no dia seguinte todo mundo se precise novamente. Assim a humildade e a comunhão cuidam da verdade.
Na dança da verdade, meia verdade é verdade com limite, é verdade incompleta, dizendo para todo mundo que as idéias são menos importantes que as pessoas. Quem não consegue entrar na roda e quer espreitar para colecionar fragmentos de verdade, imaginando ser possível ficar dono da verdade e viver tomando conta da verdade, de fato, não vive com a verdade, mas com o capricho, a ilusão ou a miopia. Porque prefere as idéias às gentes, fica com a mentira, porque a verdade é uma pessoa e não um conceito.
A verdade é uma pessoa, que gosta de brincar, de rir e de chorar. A verdade é uma pessoa que se dá a conhecer na comunhão dos humildes: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, disse a verdade inteira aos que tinham consigo apenas meias verdades.
fonte: Blog do Ed René Kivitz

domingo, 7 de outubro de 2012

Gramática de carne e sangue


Imagem: Google
Publicado por Sostenes Lima
Houve um dia em que Deus se cansou de ser fabricado, construído e grosseiramente reproduzido em palavras. Se cansou de ser ídolo. Desistiu da linguagem denotativa como recurso para se fazer conhecido. Abandonou definitivamente os cânones da religião. Percebeu que tudo que aí se dizia (e se diz) a seu respeito tinha (e tem) um poder incrível de se transformar em parafernália religiosa.
Deus viu que todos os textos que tentavam trazê-lo para perto dos seres humanos, uma vez sob o controle dos magnatas da religião, logo se transformavam (e ainda se transformam), em dispositivos de opressão e desumanização. Deus notou que os textos sagrados, quando entram para o domínio do aparelho religioso, perdem a vida e se revestem de morte.
Depois de tanto desencanto com os textos e com o aparelhamento da religião, Deus decidiu vir aos homens revestido noutro tipo de palavra. Deus se cansou de ser obscurecido, aviltado e demonizado pelos textos que o aparelho religioso produz (e continua produzindo) sobre ele. Decidiu, então, fazer de si mesmo um texto de carne, uma poiesis encarnada.
Deus quis se mostrar de verdade. Para isso, revestiu-se de carne humana, de ossos humanos, de desejos humanos, de cognição humana, de psiquismo humano, de abraços humanos, de beijos humanos, de histórias humanas, de prosa humana, de poesia humana. Deus rompeu com a linguagem referencial e se casou com a matéria e poiesis humanas. Deus virou um poema em carne, que desbrava e encanta corações sequiosos de contemplação, ternura, afeto. Deus passou a morar em histórias que celebram o desmoronamento das estruturas religiosas. Deus virou um contador de histórias da vida cotidiana, abandonando de vez a tribuna dos grandes eventos litúrgicos e as cátedras das grandes escolas rabínicas.
Deus virou um de nós para nos mostrar que nenhum monumento de linguagem referencial, nenhuma confissão teológica, nenhum acontecimento litúrgico pode tocá-lo. Apenas um texto recoberto de sensibilidade (um poema, uma metáfora, uma história, um causo) pode traçar alguns de seus contornos. Nenhum edito, encíclica, confissão, sermão, petição, relatório etc., que esteja a serviço de algum empreendimento religioso, contém Deus.
Deus não se deixa conceituar porque sabe que conceitos podem virar instrumento de morte. Muitos já mataram e muitos já morreram por causa de algum conceito religioso. É por isso que Deus jamais foi textografado. Deus sempre soube que um texto que o refletisse com precisão, compondo uma Textografia de Deus, mais cedo ou mais tarde (talvez só mais cedo), cairia na mão de algum magnata religioso (pessoal ou institucional) e se transformaria num instrumento de exploração, dominação e execução.
Deus nunca esteve em textos que servem para oprimir, excluir e matar. Aliás, Deus nem chega perto de eventos nos quais textos assim estejam sendo lidos/falados, a não ser para recolher dali os fracos e pobres que estão sendo massacrados.
Deus, agora, não está mais nos textos. Ele está nas pessoas. Deus virou gente para não precisar mais da mediação dos textos. Deu um basta na farra que os religiosos estavam fazendo em nome de textos supostamente sagrados ou supostas teotextografias. Na verdade, Deus se cansou de ser vítima dos textos. Fez de si mesmo o texto a ser seguido, imitado, lembrado.
Sem a necessidade dos textos como elementos de mediação, os magnatas do esquema religioso agora estão de mão abanando. E foi se a glória da máquina religiosa! Ninguém precisa mais se submeter a nenhum rabino, sacerdote, apóstolo, profeta, padre, pastor, bispo, reverendo etc. etc. Deus é o próprio texto encarnado, escrito numa gramática de carne e sangue, que pode ser lido/comido por qualquer um. O verbo se tornou carne e nos disse: “Este é o meu corpo que é dado por vocês. Comam dele todos. Deixem que as estruturas do verbo sejam dissolvidas na alma, no caráter e no afeto de vocês. E, assim, sejam impelidos à prática do amor”. Amém.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

5 mentiras que a igreja me contou...



A vida cristã e a tirania das metas
Metas, objetivos e alvos numéricos, quem está livre deles hoje? Vivemos em uma sociedade massacrada pelos números. Em sua empresa você está moralmente obrigado a produzir cada vez mais sob risco de demissão caso falhe no cumprimento de suas metas. Na escola ou na faculdade seus professores exigem uma quantidade mínima de leitura e produção acadêmica, além da tirania dos ponteiros da balança que insistem em jogar na sua cara que você não está cumprindo a meta do peso ideal. Os números te sufocam. Os números te acusam insolentemente.

Entretanto você encontra em sua comunidade de fé um ambiente acolhedor, livre da opressão dos números e das metas, certo? Infelizmente isso nem sempre é verdade, pois, algumas igrejas acham que a grande comissão dada por Jesus está atrelada ao cumprimento de metas numéricas. “Você deve trazer durante este mês pelo menos uma pessoa não salva!” – pedem alguns líderes. “Quantas almas você ganhou para Jesus no ano passado?” – acusam outros. E, onde deveria ser um ambiente de restauração e refrigério, acaba tornando-se outro lugar para o cumprimento de mais tarefas e metas. Os números te acusam até mesmo na igreja.
A justificativa que muitos líderes dão está supostamente baseada no texto de João 15. “O crente deve dar frutos, senão será cortado da árvore!” - asseveram os feitores dos números. Certa vez, ouvi de um destes pastores numerólogos que os frutos que Jesus menciona neste trecho são as almas que ganhamos para o Reino de Deus. “E agora? Ainda não levei ninguém a Cristo este ano” – preocupa-se aquele irmão dedicado e envolvido com a obra de Deus. “Eu testemunhei, mas ninguém se converteu.” – confessa ele ao seu travesseiro. “Eu convidei meus vizinhos e parentes para o musical anual da Igreja, mas ninguém aceitou meu convite” – desabafa com sua pesada consciência.
Ao mesmo tempo em que a meta de quantas “almas” ganhamos para Jesus é apresentada também ouvimos que o Evangelho liberta. E isso causa confusão e frustração na mente de muitas pessoas que desejam viver uma vida cristã coerente. Porém, este conceito de um evangelho baseado em metas numéricas pode ser desfeito pelo estudo do contexto de João 15.
Nesta passagem Jesus diz que seus discípulos devem dar frutos, e isso é incontestável. Mas a qual fruto Jesus está se referindo? Uma leitura cuidadosa vai nos mostrar que Jesus esta falando do amor que seus discípulos devem mostrar uns aos outros, tal como o próprio Jesus mostrou por eles. Aqui Jesus sequer menciona o processo de evangelização que tomamos como certo para gerar tais frutos. Jesus não condiciona o discipulado a qualquer método numérico, nem projeta um sistema de crescimento por meta alcançada.
Jesus nos liberta da tirania das metas e dos números ao nos mandar amar ao próximo e não condiciona nossa ligação ao tronco com o cumprimento ou não da meta. Nossa ligação com o tronco está condicionada ao amor que temos uns pelos outros, pois, se não amamos aqueles a quem vemos como poderemos amar a quem não vemos? Se não temos amor uns pelos outros não temos o amor do Pai, e, se não temos o amor do Pai, logo não estamos ligados ao tronco.
Portanto, o fruto não é uma meta numérica de quantas almas ganhamos para Jesus, mas o ideal de uma vida de amor pelo próximo.
Que o Senhor te abençoe e te guarde.

Alexandre Milhoranza 

domingo, 16 de setembro de 2012

Todos somos hereges! (A falácia da literalidade bíblica)


José Barbosa Junior, no Crer também é pensar
Somos todos hereges!
Uns mais, outros menos, mas a verdade é que todos somos.
Constantemente, seja em debates “ao vivo”, seja em debates de ideias pelas redes sociais ou em blogs, um dos argumentos que mais ouço, quando se trata de uma discussão entre “religiosos” é a velha proposição “me prove na Bíblia”.
Quero começar dizendo, para deixar claro a que este texto se propõe, que QUALQUER coisa que se quiser, se “prova” na Bíblia. Dizem até que “a bíblia é a mãe de todas as heresias”. Concordo!
Mas… heresia sempre é o que o OUTRO pensa!
O problema, quando se trata da questão do argumento “bíblico”, é que ele, simplesmente, não existe. Ou, se existe, existe imperfeito, refém de nossas interpretações e de nossas pré-leituras da própria Bíblia. Sim, por mais que nunca a tenhamos lido, quando a lemos pela “primeira vez”, antes disso já nos foi incutida uma ideia preconcebida, que acaba por delimitar nossa interpretação.
Um exemplo: o “pecado original”. O texto nunca usa esse termo, e muito menos fala de “pecado” na narrativa de Gênesis, mas nós já vamos para o texto com a ideia pré-moldada: uma árvore frondosa, uma serpente enroscada nos galhos trazendo à boca uma enorme maça, linda, vermelha, e uma mulher, quase sempre loira (apesar da narrativa acontecer nas bandas do Oriente Médio), com cabelos longos e esvoaçantes que logo depois entrega a fruta, já com uma mordida, ao seu marido, de músculos bem definidos e cabelos curtos. Ele também come e, por causa disso, entra no mundo o “pecado original”. Onde estão estas coisas no texto? No texto, não estão, mas já estavam na cabeça de quem foi “ler” o texto.
Infelizmente, para decepção de muitos, lamento dizer que não existe essa coisa do “a Bíblia diz…” Deveríamos ser mais honestos e afirmar: “O que interpreto da Bíblia, neste aspecto, pode ser…”
Os que defendem a “literalidade” da interpretação bíblica são de duas espécies: os ingênuos e os mal-intencionados.
Os ingênuos são aqueles que sempre foram ensinados assim. “Irmão, a Bíblia diz que é pecado…”, “O pastor disse que a Bíblia, no original, quer dizer isso…”. Para estes, o que está “escrito”, escrito está… e deve ser seguido ao pé da letra, mesmo que isso não faça o menor sentido. Mas aqui já enfrentamos um pequeno problema: não se segue TUDO o que está escrito. O que deve ser seguido ao pé da letra é apenas aquilo que me interessa.
Acabamos por cair no segundo grupo: os mal-intencionados: gente que sabe que “não é bem assim”, mas tem que dizer que “é assim”, porque é isso que lhes confere autoridade, poder e, muitas vezes, o emprego.
Ora, qualquer estudioso minimamente honesto, sabe que não há isso que chamamos de “interpretação literal”, porque isso é simplesmente impossível.
O que há na verdade são ESCOLHAS daquilo que deva ser “ensinado” literalmente. Leia-se aqui: eu escolho aquilo que me dá poder! Aquilo que me faz estar certo e os outros errados. Neste ponto, somos todos hereges, já que a palavra “heresia” vem do grego hairesis, que significa “escolher”…e  tem exatamente essa intenção: herege é aquele que escolhe (para seu proveito) o que lhe interessa de um texto.
Essa leitura literal da Bíblia é uma falácia. Ela não existe. E quando existe, como já falei, existe milimetricamente escolhida para favorecer o “meu” ponto de vista.
Os que defendem a leitura literal da Bíblia criam armadilhas das quais eles mesmos não conseguem escapar. Não conseguem, mas tentam… e sobra pra “soberania” (no caso dos históricos) ou pro “mistério” (no caso dos pentecostais, neo, etc…). É mais ou menos o “bota na conta do Papa”, frase pitoresca do filme “Tropa de Elite”.
Porque se formos totalmente literais, estamos em maus lençóis, nós e o Deus a quem dizemos servir… um Deus que mandou matar muita gente, que manda os homens todos de uma nação despedirem suas mulheres e filhos, e os lançarem  ao deserto; um Deus que manda matar a família toda de um cara porque ele escondeu “despojos de guerra”; um Jesus que fica bravo porque a figueira não tem fruto (fora da estação de frutos) e manda-a secar; enfim, um Jesus que diz que, caso teu olho ou mão te façam escandalizar, é melhor arrancá-los (Ah! Não…. esse é um dos versículos que nem os literalistas gostam que seja literal)…
Então você sugere que a Bíblia contenha erros históricos e de interpretação? Exatamente! O conceito de inerrância é o que sustenta o edifício da literalidade… aliás são retroalimentadores.
A Bíblia não arroga ser um livro histórico, nem mesmo um livro doutrinário… ela é um livro da fé. E da fé de um povo! E acompanha o desenvolver da fé desse povo… de seu “descobrir” Deus, ou daquilo que pensa ser Deus… e cuja revelação se dá, para um outro povo (já que o povo “original” não reconhece essa revelação) em plenitude, numa pessoa: Jesus, o Deus encarnado.
Ora, se Jesus é a encarnação do Deus que desde o princípio se revela… ou Deus mudou muito ou há algo de errado naquilo que se entende de Deus até então. E dizer que Deus mudou causa furor nos “literalistas”, ainda que, literalmente o texto diga que Deus “se arrependeu”. Neste caso ocorre uma coisa engraçada, que só reforça a heresia de cada um. Os fundamentalistas, impedidos que são de acreditar num Deus que mude de ideia, tem que dar um jeito nos textos que afirmam isso (as ginásticas para fazer um texto encaixar numa teologia sistemática são muito engraçadas). Tiram da cartola, então, o conceito de antropopatia, que seria atribuir a Deus sentimentos humanos quando não conseguimos explicar o que realmente acontece com a divindade. Qual o problema? É que a antropopatia só vale nos textos em que Deus se arrepende. Nos outros textos, todos os sentimentos são “literais”. Interessante, não?
Não existe leitura “pura” da Bíblia. Toda leitura bíblica já é, em si, uma interpretação. E se é uma interpretação, não pode mais ser “literal”. O sentido já foi deturpado há muito. Como saber, então, o sentido verdadeiro do texto? Fácil, pergunte ao seu autor (se bem que o texto geralmente é polissêmico e não pertence mais ao seu autor depois de escrito). Mas, como perguntar ao autor, se este já não existe mais há milênios? Quem poderá resolver o problema? É aí que os literalistas são mais esquizofrênicos. Criam a “iluminação” do Espírito para que haja a VERDADEIRA interpretação do texto. Claro, porque para defender isso também têm que colocar o Espírito Santo como verdadeiro autor das Escrituras. Logo, se Ele é o autor, Ele nos responderá.
Muito boa resposta!
Mas… qual “Espírito Santo” estará com a razão?
O da Igreja Católica, que também inspira o magistério na “interpretação”?
O dos protestantes históricos, para os quais o Espírito não dá mais línguas, mas que é uma babel de interpretações?
O dos pentecostais, cuja pluralidade de línguas nos faz imaginar que cada língua é uma estranha interpretação?
O dos neopentecostais, que produz pastores em série, com a mesma voz e o mesmo discurso, mas com interpretações cada vez mais loucas?
O de outras confissões religiosas (ou você acha que o vento só sopra debaixo do nosso nariz)?
Resolvi caminhar com a interpretação plena em Jesus… e o que se parece com Ele, eu procuro seguir… o que não se parece, descarto, como sendo algo fruto de uma época e de um contexto, mas não tendo mais o que dizer hoje.
Hummmm… só tem um problema: a minha interpretação também já é uma heresia… uma escolha… uma interpretação. Quem garante que estou certo?
Ninguém… nem eu mesmo. Mas é o que pra mim faz sentido, e que deságua numa fé que caminha com o diferente, o acolhe e aprende com ele, numa fé que admite outras possibilidades… numa fé que não me dá mapas, mas me oferece companhia no Caminho… aposto todas as minhas “fichas” nisso. Sim, toda interpretação é uma aposta! Nada mais que isso…
E a Bíblia? Continua sendo Palavra de Deus, como livro da fé… como carta de amor que leio numa relação com Aquele em quem creio.
Não temos para onde escapar.
Todos somos hereges!
Uns mais,outros menos… mas somos!
Essa é a minha heresia!
Qual a sua?
pintura: “O Pecado Original”, de Michelangelo