
A civilização em que eu e você nascemos é regida pelo dinheiro. Somos adestrados desde a infância a acreditar que a meta de nossa vida é alcançar fama e fortuna. É por isso que pessoas que não fazem nada e dão péssimos exemplos são consideradas "vencedoras" desde que fiquem famosas e faturem um bom dinheiro. O exemplo mais emblemático disso é o Big Brother Brasil. Em geral, seus participantes são modelos horríveis de comportamento e valores e ganham um milhão de reais para ficar sentados numa casa sem fazer nada. Ainda são chamados pelo apresentador de "nossos heróis". A meu ver eles são o arquétipo de quem nossa sociedade quer que sejamos: famosos e milionários, não importa por que meios.

Se você não sabe quem é Agnes, deixe-me falar um pouco sobre ela. Nasceu no paupérrimo e pequenino país chamado Macedônia, de uma família de etnia albanesa, e se naturalizou indiana. A Índia, vale lembrar, é o país das castas e de milhões de pessoas miseráveis financeiramente. Agnes não tinha dinheiro, mas possuía aquilo que de maior valor pode ter um ser humano: um coração bondoso e lágrimas nos olhos pelos seus semelhantes. Ela decidiu fazer valer sua existência. Fundou uma organização de mulheres dedicadas à caridade e investiu sua vida em cuidar dos outros. Sem se preocupar com o próprio bem-estar, imergiu no mundo da miséria humana com sua mão amiga e o coração magnânimo, a ponto de receber o apelido de...adivinha? "A grande heroína"? "Magnífica mulher de Deus"? "A maior entre as maiores"? Não, nada disso. Seu apelido era "Santa das sarjetas". Que tal?

Nos anos 50 e 60, Agnes ampliou o raio de ação de sua organização para toda a Índia. Em 1965 chegou à Venezuela. Depois alcançou a Europa (na periferia de Roma, na Itália) e, em 1968, passou a atuar também na África (na Tanzânia). Até 1980, a instituição de caridade criada pela iniciativa dessa única mulher pobre levava amor, cuidado, amparo médico e calor humano para todo o mundo, da Austrália ao Oriente Médio, passando pelas Américas e até países comunistas (como Alemanha Oriental e a antiga União Soviética), num total de 158 centros de auxílio. O passo seguinte foi abrir centros de ajuda para doentes pobres com AIDS .

O que você acha, a vida de Agnes valeu a pena? Não acumulou riquezas. Nunca se casou. Não teve filhos. A fama que obteve foi em função da notoriedade que suas iniciativas pelo bem-estar do próximo alcançou. Abriu mão dos prazeres e do conforto deste mundo para que cada um de seus dias sobre a terra valesse a pena. Seu legado hoje permanece entre nós, não na forma de arranha-céus, catedrais ou monumentos suntuosos, m
as na forma de milhares de vidas humanas abençoadas por seu amor, sua devoção, sua entrega pelo próximo, sua abnegação e sua preocupação muito maior com os outros do que consigo mesma. Que mulher magnífica! Penso na vida de Agnes e naquilo que ela fez por todas essas almas e confesso que lágrimas rolam por meu rosto, ao ver quão desgraçadamente longe estou de ter um vida com tanto significado quanto a dela. Eu quero ser como ela quando crescer. Quero que meus dias façam sentido, um sentido que vá muito além de ganhar dinheiro, prêmios e bajulação, mas que ecoe no Céu e pela eternidade como dias que compuseram uma vida que valeu a pena.

Penso em todas as vezes em que fui vaidoso e preocupado com vantagens materiais e vejo que completo imbecil eu fui. Porque isso não vale nada. Não vale um minuto sequer sobre a terra. Olho fotos de certos pastores, que posam com a Bíblia na mão como se fosse um cetro dos antigos Césares, e vejo como a vaidade e a ambição humana nos distorcem e nos transformam em pedaços de carne dignos de pena. Não, não quero seguir pelo caminho da fama e da fortuna. Quero sustentar minha família com honradez, dando dignidade aos meus mas sem perder o foco do que realmente interessa e sem passar por cima ou defraudar meu semelhante para isso.

Quando Agnes morreu, compareceram ao seu funeral chefes de nações, primeiros-ministros, rainhas e enviados especiais de dezenas de países de todo o mundo. Algo que ela certamente dispensaria, visto que passou a vida entre os miseráveis, os doentes, os sofredores e os pequeninos. Nem mesmo o Prêmio Nobel da Paz que recebeu mudou sua rotina de enfiar os pés nos lamaçais dos recônditos mais humildes e necessitados do planeta para abençoar vidas. Nada desviou aquela pequena gigante de seu propósito maior: glorificar Deus por meio dos mais sinceros e devotados gestos de amor pelo próximo. E você? Qual é o propósito maior da sua vida? E o que você tem feito para alcançá-lo? Se não tem feito nada além de tentar ganhar dinheiro ou projetar o seu nome, este é um bom momento para começar a parar de correr atrás de vento e dar início a algo que de fato dê sentido a sua vida.
Ah, sim: se você ainda não ligou o nome à pessoa, Agnes é mais conhecida como... Madre Teresa de Calcutá.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
Maurício
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